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O arrependimento de Deus

O arrependimento de Deus

“Deus não é homem, para que minta; nem filho do homem, para que se arrependa; porventura diria ele, e não o faria? Ou falaria, e não o confirmaria?” (Números 23:19).

 

Introdução

Amados, sou abordado por vários cristãos que questionam qual a melhor tradução bíblica para estudar as Escrituras, qual faculdade teológica é a melhor, qual livro de teologia recomendo, se estudar o hebraico e o grego melhora a leitura da Bíblia, consequentemente, facilita a compreensão, etc.

Geralmente as pessoas não gostam da resposta. Percebo certo desapontamento quando digo para escolherem uma Bíblia sem notas de rodapé, ou que não comprem Bíblias de Estudos com notas de rodapé, notas marginais, enciclopédias, etc. Quando digo que não é necessário estudar o hebraico ou o grego para ler as Escrituras, ou que uma faculdade não trará o conhecimento necessário para conhecer as Escrituras, percebo que o apelo para ter um diploma ou uma certificação parece falar mais alto.

Amados! Erudição não é garantia de uma boa leitura bíblica quando se trata do conhecimento de Deus, e por isso, aos neófitos recomendo somente a leitura diária das Escrituras, comparando as passagens do Novo Testamento com os Salmos, Provérbios, Profetas e a Lei.

Para ilustrar o que digo acima, analisaremos um artigo acadêmico sobre o arrependimento de Deus com foco na análise semântica do termo hebraico [1]?????.

 

O termo hebraico ?????

William Lacy Lane, pastor da Igreja Presbiteriana de Castro e mestre em Teologia no Antigo Testamento pelo Calvin Theological Seminary, no artigo ‘O arrependimento de Deus – Uma análise semântica de ?????’, na introdução[2] do artigo, ele afirma que há várias passagens bíblicas no Antigo Testamento que registram que Deus se arrependeu, e a explicação para tal expressão é que se trata de uma figura de linguagem para fazer referência a uma ação divina através da linguagem humana, e que, portanto, se trata de um antropomorfismo.

 
 

O Pr. Lane afirma que classificar as expressões acerca do arrependimento de Deus como uma figura de linguagem nada diz acerca do arrependimento de Deus, e por isso ele se propôs analisar semanticamente a expressão no qual Deus é sujeito do verbo ?????, e ele identificou ao menos seis sentidos da expressão.

A análise do termo pelo Pr. Lane é muito boa, porém, na conclusão[3] do artigo, afirma que o termo ????? é traduzido de diversas maneiras nas versões bíblicas por causa de seus vários significados, e que, se o termo for pensado na acepção ‘mudança de mente’, o que resta é entender a expressão como antropomorfismo, ou seja, uma figura de linguagem. Por fim, Lane afirma que Deus se arrepende porque Ele é misericordioso e compassivo, o que nada explica.

Ao dizer que Deus se arrepende porque é misericordioso e compassivo, Lane coloca em xeque a imutabilidade e a justiça de Deus, conforme expresso no versículo:

“Deus não é homem, para que minta; nem filho do homem, para que se arrependa; porventura diria ele, e não o faria? Ou falaria, e não o confirmaria?” (Números 23:19).

Observe que o título de pastor ou de mestre, ou ter dezenas de dicionários e livros de teologia não resolvem a problemática da aparente contradição que surge de textos bíblicos que afirmam que Deus não se arrepende e outros que afirmam que Deus se arrependeu.

O Pr. Lane faz algumas perguntas pertinentes e apresenta premissas interessantes no seu artigo, como quando afirma que explicar o uso da linguagem não dá significado ao termo em análise, ou quando demonstra que é necessário se socorrer da semântica ao verificar as várias ocorrências do termo considerando os seus contextos[4], e mesmo assim, ao final do artigo ele não apresenta uma conclusão satisfatória.

Mas, como resolver a questão?

 
 

 

Prosseguir em conhecer

Antes de se lançar em um estudo de temas complexos, primeiro é necessário compreender a natureza do Deus das Escrituras, levando-se em conta o que foi dito por Jó:

“Bem sei eu que tudo podes, e que nenhum dos teus propósitos pode ser impedido. Quem é este, que sem conhecimento encobre o conselho? Por isso relatei o que não entendia; coisas que para mim eram inescrutáveis, e que eu não entendia. Escuta-me, pois, e eu falarei; eu te perguntarei, e tu me ensinarás. Com o ouvir dos meus ouvidos ouvi, mas agora te veem os meus olhos. Por isso me abomino e me arrependo no pó e na cinza.” (Jó 42:2-6).

Compreender a natureza de Deus não decorre de conjecturas e suposições, pois o conhecimento de Deus se dá por revelação, e a revelação está nas Escrituras.

Para entender textos que narram algumas ações de Deus que escapam a nossa compreensão, primeiro é imprescindível entender a natureza de Deus e as suas implicações.

O melhor é começar com textos bíblicos que abordam as ações de Deus, mas que não seja de difícil interpretação ou polêmicos. Não recomendo começar o estudo com a passagem bíblica de Gênesis 6, verso 6, que diz que Deus se arrependeu de criar o homem. Recomendo iniciar com textos não envolto em polêmicas, como é o caso de Nínive.

“E orou ao SENHOR, e disse: Ah! SENHOR! Não foi esta minha palavra, estando ainda na minha terra? Por isso é que me preveni, fugindo para Társis, pois sabia que és Deus compassivo e misericordioso, longânime e grande em benignidade, e que te arrependes do mal.” (Jonas 4:2).

 

Atributos de Deus

Quando a Bíblia fala que Deus é imutável certamente aborda a sua natureza e atributos. Deus existe por toda eternidade, portanto, é autoexistente e autossuficiente.

 
 

“Porque eu, o Senhor, não mudo.” (Malaquias 3:6).

Deus é onipotente, onipresente e onisciente! Ele detém todo poder, ou seja, o seu poder não tem decréscimo mesmo após operar uma obra como a criação do universo, e o seu poder não aumenta se nada fizer. Ele está presente em tudo e todos, de modo que nada escapa ao seu conhecimento, quer sejam eventos do passado, do presente e do futuro. Deus não pensa aos moldes das suas criaturas, de modo que tenha que raciocinar, intuir e concluir, pois tudo é patente aos seus olhos.

“E não há criatura alguma encoberta diante dele; antes todas as coisas estão nuas e patentes aos olhos daquele com quem temos de tratar.” (Hebreus 4:13).

Tiago descreve o Criador com as seguintes palavras:

“O Pai das luzes, em quem não há mudança nem sombra de variação”. (Tiago 1:17).

Os atributos da divindade são exclusivamente de Deus, e nenhuma criatura compartilha desses atributos:

  1. Asseidade – Deus é autoexistente e é a fonte de toda vida (Salmo 90:1-2);
  2. Eterno – Deus não foi criado e sempre existiu e existirá (Gênesis 21:33);
  3. Uno – embora se revele em 3 pessoas, essencialmente Ele é único (Efésios 4:6);
  4. Imutável – o Ser de Deus são inalteráveis (Tiago 1:17);
  5. Infinitude – Deus não tem qualquer tipo de limitação em Sua natureza (Atos 17:24-28)
  6. Onipresente – Deus está em qualquer lugar, sem nenhuma limitação de ação ou poder (Salmos 139);
  7. Onipotente – Deus possui todo poder, portanto, não há quem lhe seja igual o rivalize (Apocalipse 1:8);
  8. Onisciente – esse atributo de Deus nos diz que Ele possui todo o conhecimento de maneira plena (Salmo 147:4);
  9. Soberano – nada foge ao Seu controle, ou lhe causa surpresa (Filipenses 2:12-13).

Semelhantemente o que Deus se propõe fazer é imutável. Na Bíblia os intentos de Deus são denominados propósito, e o que Ele realiza é segundo o conselho da Sua vontade.

 
 

“Muitos propósitos há no coração do homem, mas o conselho de Deus permanecerá.” (Provérbios 19:21);

“Nele, digo, em quem também fomos feitos herança, havendo sido predestinados, conforme o propósito daquele que faz todas as coisas, segundo o conselho da sua vontade;” (Efésios 1:11).

O propósito eterno de Deus na criação de todas as coisas é a preeminência de Cristo em tudo.

Além dos atributos incomunicáveis, há os atributos comunicáveis:

  1. Amor – por definição Deus é amor, luz, justo (1 João 4:8);
  2. Bom – Deus é Senhor de todas as coisas e, apesar da sua soberania, a ninguém oprime (Jó 37:26; Salmo 86:5; Salmo 130:4);
  3. Misericordioso – é um dos atributos de Deus que se manifesta com relação aos que se sujeitam a Ele (Êxodo 20:6; Efésios 2:4-5);
  4. Justo – Deus é completa e perfeitamente justo, portanto, nenhuma de suas decisões são injustas (Salmo 11:7);
  5. Santo – Deus jamais conheceu a impureza ou corrupção e não é tentado pelo mal (Apocalipse 4:8; Tiago 1:13);
  6. Verdadeiro – Deus é verdadeiro enquanto real, bom, distinto, e verdadeira é a sua palavra: firme, confiável, imutável e infalível (Romanos 3:4: João 17:3).

Geralmente os teólogos classificam como comunicáveis os atributos de Deus que Ele compartilha com o ser humano, porém, entendo os atributos como sendo comunicáveis os atributos que Deus se relaciona com as suas criaturas.

O homem ama do ponto de vista sentimental e preferencialista, diferentemente de Deus que o seu amor se traduz em cuidado para com todas as suas criaturas, sem qualquer nuance de cunho sentimental ou afeição. Isso significa que Deus ama e ao mesmo tempo é justo e faz justiça.

 

Grandeza e misericórdia

Quando Jonas ouviu a palavra do Senhor para ir à cidade de Nínive para pregar contra ela, se levantou para fugir e pegou um navio para Társis. Ele não queria cumprir a missão que Deus lhe incumbiu, e resolveu se distanciar de Nínive.

 
 

Durante a viagem para Társis, Jonas dormiu profundamente no porão do navio, quando sobreveio grande tempestade e o navio estava prestes a naufragar.

Interpelado pelos ocupantes do navio, Jonas declarou que era hebreu, e que servia ao Senhor, o Deus criador do céu e que fez o mar e a terra.

“E ele lhes disse: Eu sou hebreu, e temo ao SENHOR, o Deus do céu, que fez o mar e a terra seca.” (Jonas 1:9).

Essa descrição que Jonas faz tem relação com os atributos incomunicáveis de Deus, pois só Ele é criador e detém todo poder criativo. A descrição de Jonas remete a algo imutável, perene e eterno.

Jonas foi lançado ao mar e engolido por um grande peixe, e nas entranhas do animal, ele tinha consciência de que foi desobediente e que estava completamente perdido. Esse é o tratamento dispensado por Deus àqueles que são desobedientes à sua palavra: são lançados da sua presença, ou seja, não alcançam o Seu favor.

“E disse: Ó SENHOR Deus de Israel, não há Deus como tu, em cima nos céus nem em baixo na terra; que guardas a aliança e a beneficência a teus servos que andam com todo o seu coração diante de ti.” (1 Reis 8:23).

Como Jonas desobedeceu não andava mais com o coração diante de Deus, consequentemente, não estava ao abrigo da aliança feita com os pais e sem a beneficência de Deus.

 
 

Mas, como ainda não havia morrido, Jonas teve esperança e fez menção do templo do Senhor. Por que? Porque ao inaugurar o templo, Salomão o consagrou e rogou a Deus nos seguintes termos:

“Toda a oração, toda a súplica, que qualquer homem de todo o teu povo Israel fizerconhecendo cada um a chaga do seu coração, e estendendo as suas mãos para esta casa, ouve tu então nos céus, assento da tua habitação, e perdoa, e age, e dá a cada um conforme a todos os seus caminhos, e segundo vires o seu coração, porque só tu conheces o coração de todos os filhos dos homens. Para que te temam todos os dias que viverem na terra que deste a nossos pais.” (1 Reis 8:38-40).

Jonas conhecia o seu erro (chaga no coração), pertencia ao povo de Israel (qualquer homem), e por isso fez uma oração fazendo menção do templo, já que não tinha como estender as suas mãos em direção ao templo, porque sabia que Deus o ouviria dos céus e lhe seria favorável, perdoando-o.

Ora, mas Deus não é imutável? Como Ele pode tratar Jonas de uma maneira enquanto fugia, e de outra, quando Jonas se arrepende? Aqui está o segredo!

“Com o puro te mostrarás puro; e com o perverso te mostrarás indomável.” (Salmos 18:26).

Deus tem um único modo de agir com o puro e um único modo de agir com o perverso, e nesse quesito está a base da sua justiça imutável. A mudança ocorre no homem, que se mostra puro ou perverso, mas Deus continua o mesmo, pois dispensa um tratamento específico para o puro e outro tratamento para o perverso.

Ao dar ordem a Jonas, Deus evidenciou um aspecto da sua justiça: com o perverso seria indomável, e por isso mesmo a palavra do Senhor veio no seguinte tom: – ‘Ainda quarenta dias, e Nínive será subvertida.’ (Jonas 3:4).

 
 

Com os perversos ninivitas não haveria acordo, pois Deus se evidenciaria a eles indomável ao evidenciar a Sua ira. Com o perverso não há perdão, não há desculpa, e isso é algo imutável!

Mas, diante da mensagem de Deus, o povo de Nínive creu em Deus através da palavra do seu profeta e proclamaram um jejum, do mais nobre ao mais vil. Inclusive o rei de Nínive, diante da palavra do profeta, se desfez das suas vestes reais e se cobriu de saco (Jonas 3:5-7).

“E fez uma proclamação que se divulgou em Nínive, pelo decreto do rei e dos seus grandes, dizendo: Nem homens, nem animais, nem bois, nem ovelhas provem coisa alguma, nem se lhes dê alimentos, nem bebam água; Mas os homens e os animais sejam cobertos de sacos, e clamem fortemente a Deus, e convertam-se, cada um do seu mau caminho, e da violência que há nas suas mãos. Quem sabe se se voltará Deus, e se arrependerá, e se apartará do furor da sua ira, de sorte que não pereçamos?” (Jonas 3:7-9).

Deus indomável com o perverso, ao ver a conversão dos ninivitas diante da sua palavra, mudou o seu intento que era para mal: a destruição dos habitantes da cidade, e preservou a cidade. Em outros termos: Deus se arrependeu!

“E Deus viu as obras deles, como se converteram do seu mau caminho; e Deus se arrependeu do mal que tinha anunciado lhes faria, e não o fez.” (Jonas 3:10).

Quando Deus falou a Abraão que a sua descendência seria numerosa como as estrelas do céu, Abraão creu em Deus e isto lhe foi imputado como justiça. Ao ouvirem a palavra de Deus acerca da destruição de Nínive, os ninivitas creram em Deus, e igualmente a Abraão isto lhes foi imputado por justiça.

“E os homens de Nínive creram em Deus; e proclamaram um jejum, e vestiram-se de saco, desde o maior até ao menor.” (Jonas 3:5);

 

Assim como Abraão creu em Deus, e isso lhe foi imputado como justiça. Sabei, pois, que os que são da fé são filhos de Abraão. Ora, tendo a Escritura previsto que Deus havia de justificar pela fé os gentios, anunciou primeiro o evangelho a Abraão, dizendo: Todas as nações serão benditas em ti. De sorte que os que são da fé são benditos com o crente Abraão.” (Gálatas 3:6-9).

Deus não faz acepção de pessoas, e o mesmo tratamento dispensado a Abraão foi dispensado aos habitantes de Nínive. Deus trata os homens com justiça e equidade, portanto, aos puros Deus se mostra puro, e aos perversos, indomável.

Este é o princípio que rege a justiça e o juízo de Deus com relação aos povos:

“No momento em que falar contra uma nação, e contra um reino para arrancar, e para derrubar, e para destruir, se a tal nação, porém, contra a qual falar se converter da sua maldade, também eu me arrependerei do mal que pensava fazer-lhe. No momento em que falar de uma nação e de um reino, para edificar e para plantar, se fizer o mal diante dos meus olhos, não dando ouvidos à minha voz, então me arrependerei do bem que tinha falado que lhe faria.” (Jeremias 18:7-10).

Os termos do ‘arrependimento’ de Deus são bem evidentes, e em nada se assemelha ao arrependimento do homem, que as vezes é decorrente de remorso, equívocos, mudança de entendimento, etc. Se Deus se arrepender do mal que pensava fazer ou do bem que tinha falado que faria, a variação ocorreu no homem, que se converteu da sua maldade ou que fez o mal diante de Deus.

Vemos no caso do sacerdote Eli outro arrependimento de Deus, pois Ele elegeu a casa de Arão como sacerdotes em Israel (1 Samuel 2:27), porém, Hofni e Finéias, que eram sacerdotes e filhos de Eli, desprezavam as ofertas do Senhor, e Eli vem o mal que os seus filhos promoviam em Israel, não tomou providências (1 Samuel 2:22-25).

Embora a palavra de Deus inicialmente fosse boa para a casa de Eli por causa da boa palavra dita a casa de Arão, diante do comportamento reprovável de Hofni e Finéias, Deus mudou o seu intento:

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“Portanto, diz o SENHOR Deus de Israel: Na verdade tinha falado eu que a tua casa e a casa de teu pai andariam diante de mim perpetuamente; porém agora diz o SENHOR: Longe de mim tal coisa, porque aos que me honram honrarei, porém os que me desprezam serão desprezados.” (1 Samuel 2:30).

Com base na análise acima, podemos determinar algumas coisas das quais Deus jamais se arrepende e outras da quais Ele pode se arrepender.

 

Coisas que Deus jamais se arrepende

Deus é imutável, tanto nos atributos incomunicáveis quanto nos atributos comunicáveis. Tudo quanto analisamos acerca de Deus deve ter a seguinte premissa: Ele não muda e nem é passível de variação! Qualquer leitura que leve a uma conclusão diferente deve ser revista e corrigida à luz das Escrituras.

“Toda a boa dádiva e todo o dom perfeito vem do alto, descendo do Pai das luzes, em quem não há mudança nem sombra de variação.” (Tiago 1:17).

Mas, para a nossa análise, tomaremos por base a declaração paulina, que diz:

“Porque os dons e a vocação de Deus são sem arrependimento.” (Romanos 11:29).

Os dons de Deus estão relacionados a sua graça e misericórdia, e a vocação de Deus ao seu propósito. O que seria ‘dons’ e o que seria ‘vocação’? Na promessa que Deus fez a Abrão temos dons e vocação:

 
 

“ORA, o SENHOR disse a Abrão: Sai-te da tua terra, da tua parentela e da casa de teu pai, para a terra que eu te mostrarei. E far-te-ei uma grande nação, e abençoar-te-ei e engrandecerei o teu nome; e tu serás uma bênção. E abençoarei os que te abençoarem, e amaldiçoarei os que te amaldiçoarem; e em ti serão benditas todas as famílias da terra.” (Gênesis 12:1-3).

A promessa: ‘far-te-ei uma grande nação, abençoar-te-ei, engrandecerei o teu nome e serás uma benção’ é personalíssima e ela é uma vocação. Já a palavra evangelística: ‘em ti serão benditas todas as famílias da terra’ a promessa é universal e se evidencia como dons, mas em ambas, a palavra de Deus são sem arrependimento.

Por que Deus escolheu justamente Abraão para fazer dele uma grande nação, e não qualquer outro gentio? A resposta está no seguinte versículo:

“Porque eu o tenho conhecido, e sei que ele há de ordenar a seus filhos e à sua casa depois dele, para que guardem o caminho do SENHOR, para agir com justiça e juízo; para que o SENHOR faça vir sobre Abraão o que acerca dele tem falado.” (Gênesis 18:19).

“Porquanto Abraão obedeceu à minha voz, e guardou o meu mandado, os meus preceitos, os meus estatutos, e as minhas leis.” (Gênesis 26:5).

É por causa da vocação de Abraão que a proteção de Deus nunca se afastará da nação de Israel. Apesar da apostasia dos filhos de Israel e a inúmeras mortes que ocorreram no deserto, na diáspora, etc., contudo, a nação jamais deixará de existir. Sempre haverá um remanescente, de modo que a misericórdia do Senhor é patente e não terá fim, pois a fidelidade de Deus é a garantia do que foi estabelecido em Abraão.

“As misericórdias do SENHOR são a causa de não sermos consumidos, porque as suas misericórdias não têm fim; Novas são cada manhã; grande é a tua fidelidade.” (Lamentações 3:22-23).

 
 

Observe que a fidelidade de Deus preserva a nação, de modo que sempre haverá remanescente, mas a fidelidade de Deus não protege aqueles que Ele não se agrada, e por isso mesmo são prostados no deserto.

“ORA, irmãos, não quero que ignoreis que nossos pais estiveram todos debaixo da nuvem, e todos passaram pelo mar. E todos foram batizados em Moisés, na nuvem e no mar, e todos comeram de uma mesma comida espiritual, e beberam todos de uma mesma bebida espiritual, porque bebiam da pedra espiritual que os seguia; e a pedra era Cristo. Mas Deus não se agradou da maior parte deles, por isso foram prostrados no deserto.” (1 Coríntios 10:1-5).

É por causa da vocação dos pais que foi dada a seguinte palavra a Balaão:

“Deus não é homem, para que minta; nem filho do homem, para que se arrependa; porventura diria ele, e não o faria? Ou falaria, e não o confirmaria? Eis que recebi mandado de abençoar; pois ele tem abençoado, e eu não o posso revogar.” (Números 23:19-20).

A promessa feita a Abraão tem por base o propósito de Deus e por isso são imutáveis o Seu conselho e vocação (Romanos 11:16), pois como Ele não pode mentir e não há quem lhe seja maior, se interpôs por juramento a Abraão, dizendo: Certamente, abençoando te abençoarei, e multiplicando te multiplicarei.’ (Romanos 11:14).

Daí decorre a explicação do apóstolo Paulo sobre a redenção futura de Israel:

“… mas, quanto à eleição, amados por causa dos paisPorque os dons e a vocação de Deus são sem arrependimento.” (Romanos 11:28-29).

 
 

O amor de Deus pela nação é indissolúvel, tanto que os filhos de Israel adentraram a terra prometida por causa dos pais, e não porque eram justos.

“Porque povo santo és ao SENHOR teu Deus; o SENHOR teu Deus te escolheu, para que lhe fosses o seu povo especial, de todos os povos que há sobre a terra. O SENHOR não tomou prazer em vós, nem vos escolheu, porque a vossa multidão era mais do que a de todos os outros povos, pois vós éreis menos em número do que todos os povos; Mas, porque o SENHOR vos amava, e para guardar o juramento que fizera a vossos pais, o SENHOR vos tirou com mão forte e vos resgatou da casa da servidão, da mão de Faraó, rei do Egito.” (Deuteronômio 7:6-8).

Por causa da apostasia dos filhos de Israel a punição foi dura, e Deus não se arrependeu de cumprir tudo o que anunciou por intermédio de Moisés.

“Eu, o SENHOR, o disse: viva isso, e o farei, não me tornarei atrás, e não pouparei, nem me arrependerei; conforme os teus caminhos, e conforme os teus feitos, te julgarão, diz o Senhor DEUS.” (Ezequiel 24:14);

“Sim, todo o Israel transgrediu a tua lei, desviando-se para não obedecer à tua voz; por isso a maldição e o juramento, que estão escritos na lei de Moisés, servo de Deus, se derramaram sobre nós; porque pecamos contra ele.” (Daniel 9:11);

“Porque assim diz o SENHOR: Toda esta terra será assolada; de todo, porém, não a consumirei. Por isto lamentará a terra, e os céus em cima se enegrecerão; porquanto assim o disse, assim o propus, e não me arrependi nem me desviarei disso.” (Jeremias 4:27-28; Deuteronômio 28:45-46).

Mas, apesar dos males que cercaram o povo de Israel, o favor do Senhor por causa da eleição não se afastará, e sempre haverá um remanescente do povo.

 
 

“Porque assim diz o SENHOR dos Exércitos: Como pensei fazer-vos mal, quando vossos pais me provocaram à ira, diz o SENHOR dos Exércitos, e não me arrependi, assim tornei a pensar nestes dias fazer o bem a Jerusalém e à casa de Judá; não temais.” (Zacarias 8:14-15);

“Se o SENHOR dos Exércitos não nos tivesse deixado algum remanescente, já como Sodoma seríamos, e semelhantes a Gomorra.” (Isaías 1:9).

Assim como a eleição é ato irrevogável de Deus, os dons também o são, pois os dons de Deus são concedidos visando o propósito eterno que Deus estabeleceu em Cristo.

“Segundo o eterno propósito que fez em Cristo Jesus nosso Senhor,” (Efésios 3:11).

O eterno propósito de Deus é algo estabeleceu em Cristo na eternidade: que é a preeminência de Cristo em tudo! Para Cristo ser preeminente em tudo, Deus lhe concedeu o trono de Davi, seu pai segundo a carne, de modo que Ele será o mais elevado dos reis da terra, aglutinando os papéis de rei e sacerdote.

“Jurou o SENHOR, e não se arrependerá: tu és um sacerdote eterno, segundo a ordem de Melquisedeque.” (Salmo 104:4);

“Também o farei meu primogênito mais elevado do que os reis da terra.” (Salmos 89:27).

 
 

Mas,

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